Vítor, ultimamente mamãe tem se sentido vivendo no passado. Não no passado da sociedade, esta, muito pelo contrário está bem tecnológica, futurística e o mais importante, começando a ser mais consciente em relação à natureza.

Passado da vida dela. Estranho né? Vou te explicar: Há quase dez anos mamãe trabalha no mesmo lugar, só que no último ano ela tem tentado mudar totalmente de vida. Sabe aquele sonho de trabalhar com o que amamos, de ser donos da nossa vida, de criar algo novo e de tentar fazer algo diferente? Muita gente já sabe do meu sonho de empreender e ficam me perguntando quando ou como a ideia surgiu? Talvez me perguntem mais porque a ideia surgiu? Afinal de contas tenho a vida arrumada, sou servidora pública e apesar de não ser rica, posso viver uma vida confortável.

Da onde vem essa vontade toda de mudar? Porque a insatisfação? Perguntas dos outros e perguntas da mamãe também, para si mesma. Começou com o desconforto. Precisava criar algo diferente, excitante, criativo, bonito.Precisava te mostrar um mundo mais bonito. precisava que você, no futuro, tivesse orgulho de mim por algum motivo. Depois que nasceu, mamãe se tocou que podia e devia fazer mais. Foi aí que, no meio da madrugada, mamãe teve um insight de empreender junto do seu tio Tadeu.  A partir da ideia de criação da Pervaleo a simples rotina não seria mais suficiente.

É aí que a gente chega no meu estágio atual de vida. Ainda sou servidora e ainda vamos lançar o website, mas a cada dia a certeza de que a Pervaleo tem de virar realidade e que ela já começa a virar realidade aumenta. Em meio a decisões estratégicas de quando lançar o website ou de quais produções audiovisuais criar, ou sobre qual artigo inspirador escrever, aqui estou eu, ainda servidora, ainda advogada.

Acho que a minha mente deve estar muito confusa. Afinal, ela já chegou lá. A Pervaleo já existe mesmo sem site, mas já com a Produtora. Depois de 50 sonhos e muitas ideias, sei exatamente que preciso viver disso. Sinto a empresa em nível celular, atômico, em cada pensamento! Apesar de isso tudo ainda sou servidora, passo 8 horas diárias trabalhando para sobreviver e tentando esperar a grande mudança ocorrer.

No trabalho gosto das pessoas, até curto as conversas. Mas por mais que me esforce, a minha mente reclama, grita, por vezes se descontrola de tanta ansiedade. Deve ser porque ela está lá no meio da criatividade e inspiração que envolve o trabalho da Pervaleo. Minha mente está nas produções cinematográficas que criaremos, nos festivais de cinema ou nos artigos inspiradores, na tentativa de tornar a vida de cada ser humano uma vida consciente (objetivo maior da Pervaleo). Minha mente não está aqui, brigo com ela e a trago todos os dias para os processos administrativos e jurídicos que outrora me encantavam.

Enquanto a grande mudança não ocorre, vivo no passado, no meu passado, de advogada, jurista, burocrata, servidora ou sei lá o que, mas com a esperança e a certeza de que vai dar tudo certo. Cada dia sei que o tão sonhado dia do lançamento do website vai acontecer, que as nossas produções audiovisuais farão muito sucesso, mas, sobretudo, sonho com aquele dia em que terei renda suficiente para viver somente este sonho. Para ser dona de mim, para trabalhar aonde quero, como quero, para me divertir de verdade trabalhando e quando isso acontecer, será até esquisito chamar a Pervaleo, meu sonho, de trabalho. Quando fizer somente o que ama, mamãe não mais vai trabalhar, porque em realidade, ela estará apenas vivendo seu sonho. Eis, que então, o futuro, o meu futuro, terá chegado!

Neném, esta é a primeira cartinha sobre a Pervaleo que mamãe escreve para você. Sempre imaginei que só fosse falar sobre a Pervaleo quando o website estivesse no ar ou quando estivesse já vivendo o empreendedorismo de forma exclusiva. Mas depois pensei melhor e pensei que quero compartilhar com você as minhas dificuldades, ansiedades, sonhos. Assim, quem sabe, quando você escolher os seus sonhos e quando eles forem difíceis de serem atingidos, você não vai se identificar e saber que as coisas não mudam sem esforço, desejo e desafios.