Onde ardia a chama que levava tudo embora, eu também perdia um pedaço do meu coração.
Ontem, ouvi pela primeira vez a palavra museólogo em horário "nobre". Ouvi pessoas e jornalistas falando sobre o Museu Nacional. A tragédia anunciada foi televisionada.
Aquilo que já sabíamos que ia acontecer, ontem chegou ao conhecimento público. Estava evidente. Tamparam os olhos. Preferiram não ver.
Eu ainda estou sem palavras e não consegui chorar. Estou perdida.
Muita gente fala que sobre a precariedade em que o Museu Nacional sobrevivia nos últimos anos (ou décadas...) mas na verdade, 2018 era O ano. Era o ano de renovações e de esperança.
Amanheceu. Pude ver sua fachada e seus destroços marcando uma nova fase da nossa história. Mas você.. Logo você, meu velhinho. Nosso filho que criou asas e ganhou espaço.
Sua trajetória e sua luta jamais serão esquecidas.
Não posso não me responsabilizar... Eu falhei... Falhamos. Falhamos enquanto alunos, mestres, professores... Não soubemos cuidar do nosso museu.
Que da cinza que levou meu coração, também possa renascer uma classe unida, forte, de voz ativa e transformadora.