"O Centro Acadêmico de Museologia da Universidade de Brasília vem a público expressar seu pesar pela tragédia ocorrida ontem, 2 de setembro de 2018, na qual o bicentenário Museu Histórico Nacional situado na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, ardeu em chamas perdendo, além do histórico edifício, quase a totalidade de seu riquíssimo acervo.
Esse é mais um reflexo da agenda neoliberal que mina constantemente recursos destinados às áreas da cultura e da seguridade social. A situação do Museu já vinha, há tempos, sendo precarizada. A Emenda Constitucional 95 aprovada em 2016 pelo governo ilegítimo de Michel Temer, porém, agravou a situação. O Museu Nacional foi, então, abandonado à própria sorte que culminou na tragédia do último domingo. Tendo em vista que com o corte de “gastos” a Universidade Federal do Rio de Janeiro, responsável pelo Museu, não dispunha dos recursos necessários para manter e melhorar a estrutura do local, o livre acesso à informação e o direito à memória foram diretamente atacados pela implementação da EC 95. A precarização não se reflete apenas na tragédia mencionada, mas também no descaso com a formação de profissionais responsáveis pela salvaguarda dos bens culturais do Brasil – temos como exemplo a atual situação do curso de Museologia da UnB que, no segundo semestre de 2018, conta apenas com quatro docentes lecionando.
Detentor de coleções cobiçadas por museus de todo o mundo, o Museu Nacional representava a vanguarda científica brasileira e um bastião da identidade de nosso povo. Sofremos uma baixa irreparável à nossa memória. Não podemos mais aceitar, passivamente, os ataques à nossa história.
Resgatamos aqui um trecho da belíssima homenagem feita pela Imperatriz Leopoldinense, no carnaval deste ano, ao bicentenário do Museu Nacional que expressa a singularidade desta fundação trêmula dos afetos acidênticos:
“Onde a musa inspira a poesia
A cultura irradia o cantar da Imperatriz
É um palácio, emoldura a beleza
Abrigou a realeza, patrimônio é raiz
Que germinou e floresceu na colina
A obra-prima viu o meu Brasil nascer
No anoitecer dizem que tudo ganha vida
Paisagem colorida deslumbrante de viver [...]”
Salve a todos os herdeiros de Luzia!
CAMU - UnB"