Imagine viver sem memória, sem lembrar de quem você era ou quem costumava ser, do que amou, das pessoas, viagens ou momentos que o fizeram ser como é. Horrível, não? É como morrer em vida. E a morte é tão doída porque temos a consciência da perda.
O que aconteceu no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista retrata o descaso do Estado e da sociedade perante a grandeza da nossa diversidade cultural e do nosso patrimônio material e imaterial que hoje, nos levou a assistir o MN arder em chamas e levando com ela, a história da nossa civilização.
Tragédia anunciada. Não me causa espanto o que aconteceu... Mas puxa, tinha mesmo que ser verdade? Não vou acordar deste pesadelo?
As coleções sobre o Egito Antigo, as civilizações mediterrâneas e indígenas, a arqueologia brasileira e a pré colombiana. A evolução da vida.....
Acho que não caiu a ficha do que perdemos. Hoje as notícias enfatizavam a enorme perda que o país teve. Curioso que pela primeira vez, os noticiários deram atenção aos museus e a nós, profissionais da cultura de uma forma geral. É muito triste pensar que um país que se constrói sobre sua história, deverá agora em diante se reerguer de baixo dos escombros e da cinza que paira sobre o que restou do nosso Museu Nacional.
Estou sem sono... Pensamentos a mil. A realidade retratada ali na minha frente...
Eu não desistirei...
Não posso.
Não devo.
Eu me sinto triste, chocada. Essa culpa é toda nossa. Eu me sinto responsável, mas eu NÃO desistirei.
"É preciso prosseguir e não desanimar. Sabemos que as coisas de espírito, nesse país, são postas de lado, mas aqueles que delas e para elas vivem, tem a responsabilidade de trazê-las a tona" (Carta de Regina Real para José Lacerda Araújo Feio, 1956).