Desde criança sonhei em ir lá, na estrela azul. Tinha 6 ou 7 anos e lia um livro que mostrava várias estrelas e constelações do universo. Fechei os olhos e quase de imediato, estava flutuando em meio ao universo. Acho que lá eu era um pouco transparente ou translucída se preferir. 

Viajava na velocidade que quisesse, fosse ela da luz ou do som. Meus olhos estavam tão  brilhantes de alegria que pareciam ser de luz, cor alaranjada como o fogo. 

Percebi que procurava algo ou alguém. Não lembrava exatamente o que era. Fui tão longe mas tão longe que comecei a me esquecer de quem eu era, de qual idioma eu falava.  Saí do sistema solar e, a esta altura, já tinham me dado outro nome, vivia outra vida, uma vida em que escolhíamos os planetas para visitar ou passar uma temporada, tinham passados centenas de anos desde que tinha deixado o planeta Terra mas não sei como ou porque, eu ainda estava viva e cheia de energia.

Mas eu sempre buscava algo. Acho que tinha me separado de alguém. Sabia e lembrava que tinha me separado de outras pessoas do planeta Terra, mas era a lembrança de um menino de 4 quase 5 anos que não saia da minha cabeça. Quem era ele?  

Muitas vezes nos via na beira de um lago apontando pra lua enquanto, ele falava algo que não entendia. Visitei o planeta das ilusões e ao me olhar no espelho o rosto dele, do menino apareceu rapidamente. Ali soube imediatamente que eu era a mãe dele. Mas centenas de anos tinham passado ele não estaria mais no planeta terra. Abaixei a cabeça e chorei um pouco. Lágrimas de saudades misturada com falta de esperança. Continuei com a minha vida e finalmente 250 anos depois avistei a estrela azul.

Estou sobrevoando ela e alguém pega nas minhas mãos. Quem era? Era o rosto e o sorriso mais acalentador do mundo, meu filho ainda com 5 anos. Nos abraçamos e começamos a apostar corrida de vôo ao redor da estrela azul. Chegamos a tocá-la 

Acordei assustada daquela aventura que apesar de linda, tinha alguns aspectos de pesadelo, foi lá que aprendi a lidar com a sensação de perda mas por outro lado, de total liberdade e entrega ao universo.

 Chego no sofá de casa e o meu filho me diz: mamãe, sonhei com a estrela azul! 

E Eu o que fiz? abri um leve sorriso, sem contar nada e deixei que ele me contasse o sonho que teve afinal.