O homem de chapéu, Luiza Quintanilha, 2017
Se todas as cores do mundo se juntassem pra dançar, seria em roda. Na roda das cores, as complementares se afastariam, mas inevitavelmente acabariam rodopiando de rosto colado. É indeclinável a inclinação do amarelo ao azul, talvez insipirados no céu eles só dancem no passo certo se estiverem juntos. Sol e céu, mais uma vez no trançado da roda.
Criar é entrar na roda. Sem saber os passos certos, olhando o amigo do lado, rodopiano e tropeçando em uníssono. Quantas voltas daremos, não sei. Não preciso saber. A roda é feita de canto, mesmo sem abrir a boca para cantar. De mãos dadas a gente flui naturalmente, espontâneos nos planos de errar. O que te vem em mente as vezes nos pés se modifica, e aí que está essa magia bela de não se saber! Quem sabe de tudo, não dança, só imita.
O mergulhador, Luiza Quintanilha, 2017
O último mergulho que dei, não lembro se já saí. Mas assim como na dança, nadar só é possível se deixarmos de boiar. Quem nunca viu o céu por baixo d'água nunca teve o visão dos peixes, nunca viu de olhos salgados as ondas lavarem o ar. Dançar na água é nadar no véu do oceano, é puro e límpido como o mais puro criar. Essa viagem linda da dança, da esperança do mundo ser o que seu Ser jamais deixará de enxergar nas folhas. As folhas que balançam as ondas do pingo que escorreu do chover da manhã.
Meditação de domingo, Luiza Quintanilha, 2017